Por: Henrique Carvalho
Nota: 5/10

Quando o live-action “Tom & Jerry: O Filme” (2021) foi anunciado, esperava-se que fosse, pelo menos, uma nova adaptação no estilo de “Detetive Pikachu” ou “Sonic”, com o gato e o rato mais famosos de todos os tempos ganhando uma renderização em carne e osso, a partir de uma computação gráfica de ponta, afinal, temos, sim, tecnologia para isto hoje em dia. Porém, ao sair o primeiro trailer, todo mundo ficou chocado, porque Tom e Jerry se tornaram vítimas do estilo “Space Jam” ou qualquer outro filme dos Looney Tunes. Os icônicos personagens da Hanna-Barbera, agora, fazem parte de um universo bizarro, onde, embora este seja em live-action, todos os animais, insetos e quaisquer criaturas não humanas estão em 2D. Este estilo “Roger Rabbit” pode até funcionar, porém, para transformar, ainda mais, este longa em uma receita para o desastre, o diretor contratado foi ninguém menos que Tim Story, que você deve conhecer por filmes ruins como “Táxi”, “Quarteto Fantástico” e o recente “Shaft”, da Netflix.

Após aplicar um golpe em um hotel chique de Nova Iorque, Kayla (Chloë Grace Moretz), uma millennial desempregada, é contratada pelo local. Porém, a garota não contava com o casamento espalhafatoso de um casal de influencers, que decidiram realizar o matrimônio logo no saguão do hotel, com uma festa repleta de elefantes e outros animais exóticos. Mas na cola de Kayla está não só o gerente chato do lugar, interpretado por Michael Peña, como também o ratinho Jerry. Com o intuito de livrar o hotel do roedor, a garota decide fazer com que seu chefe contrate Tom, que recebe o cargo de dar um fim em Jerry. O resto você já sabe, a eterna briga de gato e rato, que sempre acompanhamos nos desenhos animados, se torna ainda mais grandiloquente neste universo live-action. Porém, mesmo que o longa seja bonitinho e apele para a nostalgia, a obra peca ao se assumir infantil demais, conseguindo agradar somente crianças muito pequenas, algo injusto perante dois personagens tão icônicos e que se destacaram entre diversas gerações.

Tim Story filma a produção como se estivesse entregando um produto feito para a televisão, e vamos lembrar que o lançamento para HBO Max não era o foco principal da obra até o momento. Com planos muito fechados e uma exagerada saturação, o mundo real se torna tão cartunesco quanto os personagens de desenhos animados que aparecem em tela. Trata-se de mais um longa para agradar às novas gerações e que possui um cansativo apelo para a tecnologia. Com diversas piadas que fazem referência à cultura pop e um exagerado foco em redes sociais, como Instagram e Tik Tok, “Tom e Jerry” é apenas mais uma produção que retrata a nossa época fútil e vazia, como se isto fosse algo normal. Embora algumas nuances sejam interessantes, mas que sequer são exploradas a fundo, como o fato da protagonista se sentir mal por ficar comparando a sua vida com as das outras pessoas em sua rede social, esta adaptação live-action se prende demais à nostalgia, não conseguindo entregar um roteiro interessante ou uma discussão relevante. Trata-se de apenas mais uma produção vazia, com o intuito de gerar lucro através deste mercado nostálgico atual.